sábado, 30 de outubro de 2010

sem escrúpulos.

Era fim de tarde, era tudo combinado. Nos ver, ele questionar, eu responder. Primeiro encontro após meses e meses sem nenhum tipo de comunicação. Sua frieza havia me levado ao precipício interno, havia tirado minhas escolhas, quando, na verdade elas ainda estavam ali. Na verdade não as havia tirado, só não as deixou chegar até meu consciente. Ah, meu consciente, esse sim estava sem escolhas... Este mandava mensagens ao músculo “bombeaor-de-sangue” para que parasse de bombear cada dia mais, até que parasse de vez, até que não mais desse vida ao resto dos músculos... é complicado, nem eu entendo.
- Você ainda me ama?
- Sabes se algum dia eu já te amei?
- Claro que sim, a não ser que mentiu o tempo todo para mim. Mentiu?
- Não era eu que mentia, não é?
- Dá pra olhar pra mim?
- Quando o que eu mais queria e mais precisava era olhar pra ti, tu não me davas chances. Por que olharia agora?
- Porque eu estou pedindo, pedindo para olhar pra mim, pedindo perdão. À propósito, quem iria perguntar aqui era eu.
- Pois bem, iria... Por que queres tanto perguntar? Por que queres perguntar tanto?
- Voltarias pra mim?
- Estás com saudade ou a carência está permanente?
- Se eu te beijasse agora, o que faria?
- A minha carência é intermitente ultimamente, já a sua... Você um dia gostou de mim?
- Ainda me amas? - disse isso com muita ênfase na ultima palavra, claro. Ele realmente queria que eu ficasse confusa.
 Tive que recuperar o fôlego. 
Ele sabia a resposta mais do que eu. Qualquer um sabia melhor do que eu. Eu sinceramente não sabia o que responder. Ou talvez ninguém além de mim soubesse. Ou eu realmente não sabia? Existia alguma resposta para essa pergunta estupidamente triste?
- Não faz diferença, não vai mudar o passado.
- Mas pode construir um futuro. – Disse isso enquanto me olhava nos olhos e me segurava.  Aqueles olhos me esquartejavam parte por parte do meu corpo.
- Mas você NÃO TEM FUTURO!- eu mal sabia o que estava dizendo... na verdade eu não estava dizendo nada, estava apenas falando. Nem falando, eu estava soltando palavras que estavam dispersas.
Bom, eu achei que tinha dito isso, aliás, soltado essas palavras... Mas pelo visto não foi bem assim, já que ele pareceu dizer, segundos depois: “o futuro é agora” – bem cafona por sinal – e assim que terminou de dizer isso, me beijou.
Caí naquela lábia novamente, novamente estava prestes à me deixar à beira do precipício interno. Novamente.
Repentinamente obtive a resposta para a pergunta dele e para milhões de perguntas.
- Não. Não te amo, nunca te amei e você não beija bem.
Percebi que tudo aquilo que sentia era carência, era falta do beijo bem treinado dele... e depois de tantos beijos melhores, acho que o dele não valia mais à pena.

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